Quem foi Henrique José de Souza
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    Henrique José de Souza (Salvador, 15.09.1883 – São Paulo, 9.09.1963 ) foi um estudioso do ocultismo e fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose. É reconhecido como patrono de diversas lojas maçônicas e instituições de cunho cultural-espiritualista, além de ter realizado
diversos estudos acerca da espiritualidade e da identidade cultural brasileira. Precursor do movimento eubiótico, manteve ainda, ao longo de sua vida, relações com o budismo e a teosofia.
    Henrique José de Souza cresceu e iniciou sua obra em sua cidade natal, atuando em 1905 como co-fundador da loja teosófica Alcyone.
    Filho de rica e tradicional casa de Salvador, com a morte precoce do pai, empresário teatral e exportador, e a seguir, a do irmão mais velho, abandonou a faculdade de medicina para assumir a direção dos negócios e o sustento da família. A guerra de 1914-1918 pôs termo tanto ao comércio como às trocas culturais com a Europa e, assim, aos seus tormentos de empresário a contragosto, pois teve de dissolver as empresas. Pôde então aprofundar-se nos estudos de filosofias, religiões e línguas antigas comparadas, de sorte que, em 1916, vamos encontrá-lo radicado no Rio de Janeiro, ocupado com o jornalismo e palestras públicas na sua especialidade e à testa de Samyama, uma escola de filosofia oriental.
 
Henrique José de Souza
 
Henrique José de Souza
 
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    Antes disso, realizou uma longa viagem ao oriente, passando por Portugal, Índia, Tibete e uma série de outros lugares. Ao retornar, fundou em 1924, na cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, a Sociedade Mental e Espiritualista Dhâranâ, posteriormente chamada de Sociedade Teosófica Brasileira. Mais tarde, transferiu sua sede para a cidade de São Lourenço no sul de Minas Gerais. Logo após seu falecimento a sociedade foi denominada Sociedade Brasileira de Eubiose.
    Estudioso do ocultismo e da teosofia, o “Professor”, como ainda é chamado pelos discípulos da instituição a que deu origem, desenvolveu diversos aspectos da teosofia e do ocultismo ligados à espiritualidade brasileira e a lugares sagrados do Brasil, iniciando assim o movimento eubiótico.
 
O Professor Henrique e sua esposa
 
O Professor Henrique e sua esposa
Helena Jefferson de Souza
     Desenvolveu também temas ligados à iluminação, à evolução da consciência e aos ciclos naturais do planeta e da humanidade. Sua obra ainda hoje é tema de estudos no campo da antropologia, religiosidade e misticismo (cf. p. ex. Fortis, 1997) e seu legado é seguido por diversas instituições derivadas ou não das que criou em vida, entre elas a própria Sociedade Brasileira de Eubiose, a Sociedade de Estudos Teosóficos e a Confraria Mística Brasileira, além de lojas maçônicas e outros grupos não-formalizados.
    Henrique José de Souza publicou centenas de artigos na revista Dhâranâ, divulgada a partir da Sociedade Brasileira de Eubiose e quatro livros:
O Tibete e a Teosofia (1928-32), em parceria com seu amigo e também ocultista Mario Roso de Luna; O Verdadeiro Caminho da Iniciação (1940); Ocultismo e Teosofia (1949), sob pseudônimo de Laurentus; eOs Mistérios do Sexo (1965).
    Para a formação dos discípulos da Sociedade Brasileira de Eubiose, verteu do inglês e do francês parte da obra de Helena Petrovna Blavatsky, da mesma forma que, do espanhol, a de Roso de Luna, comentando-as e atualizando-as. Ainda de Roso de Luna – com quem manteve intensa correspondência desde 1928 até a morte do amigo, em 1931 – traduziu do francês a obra Evolucion Solaire et Séries Astrochimiques (1909), que adianta a possibilidade teórica de estudar a composição química do sol e outros astros pela análise do seu espectro
de luz, hoje fato consumado. 
    É também de autoria do teósofo espanhol a tradução dos 21 capítulos iniciais de O Tibete e a Teosofia, completados com outros tantos de sua lavra.
    Mas a grande obra literária de Henrique José de Souza são suas Cartas de Revelação, escritas de 1924 até 1963, contendo as linhas-mestras do movimento eubiótico e as instruções diretivas da Sociedade Brasileira de Eubiose, projetadas até o século XXI. Essa imensa pregação epistolar foi revista e resumida, sob sua orientação, na década de 1941-50, descartando-se os originais do período precedente. Pela desatenção
 
Eubiose em São Lourenço, Minas Gerais
 
Templo da Eubiose em São Lourenço (MG)
 
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de colaboradores, perdeu-se uma parte dessas Cartas, mas restam ainda cerca de 4 mil páginas datilografadas, que se mantém em bibliotecas reservadas para consulta de membros efetivos da Sociedade Brasileira de Eubiose.
    Além de literato, foi músico e poeta, sendo de sua autoria a extensa coletânea de músicas (e letras) que enriquecem o cenário das ritualísticas da Eubiose.
    
Referencia:
FORTIS, Antônio Carlos. O buscador e o tempo: um estudo antropológico do pensamento esotérico e da experiência iniciática na Eubiose. NAU - Núcleo de Antropologia Urbana. USP : São Paulo, 1997. (Dissertação de Mestrado)
junho.09
Editoração de:
Constantino K. Riemma - constantino@clubedotaro.com.br

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